segunda-feira, 4 de abril de 2016

A cidade justa


         Tendo em vista os três caracteres básicos, Platão acredita que habitam a cidade justa três classes sociais.

          As pessoas de caráter concupiscível seriam responsáveis pela produção, os artesãos e profissionais em geral. Viveram de forma absolutamente livre, como pede seu caráter. Aquelas que vivem de acordo com as emoções (os de caráter irascível) seriam os guerreiros, os guardiões da cidade, pois viveriam de acordo com sua coragem. Por fim, as pessoas de caráter racional seriam os administradores, responsáveis pelas atividades de gestão, pois seriam capazes de governar com justiça.

      Desse modo, cada classe contribuiria com as necessidades da comunidade e teria condições de viver de acordo com sua natureza. Uma cidade governada com justiça, que possibilita cada cidadão viver segundo suas inclinações e alcançar a felicidade: essa seria a cidade justa para Platão.

         Nela, aquele que age mais de acordo com sua própria natureza é qualificado virtuoso, uma característica que cada indivíduo possui e faz com que seja capaz de fazer o bem para si mesmo e para os outros. A virtude, para Platão, é o principal valor compartilhado pelos cidadãos da cidade justa, porque é aquilo que move suas ações. O político, por exemplo, que procede com razão, legitimando em observância às leis e gerindo os bens públicos de acordo com as necessidades da cidade, é um virtuoso.

         É possível que se entenda a virtude como um valor individual, o que, entretanto, é um equívoco. Para Platão, valores como felicidade, justiça e virtude são universais, isto é, valem para todos e em qualquer época e lugar. Sobre a virtude, o filósofo afirma já estar ela presente em nós desde o nascimento. Só assim, por exemplo, o cidadão saberá se orientar racionalmente na hora de refletir e escolher as melhores ações, que estejam de acordo com sua natureza, com a justiça e o bem comum da cidade e, consequentemente, com sua felicidade. Por isso, ela é o valor almejado por todos, que nunca perece.


GALLO, Silvio. Filosofia: experiência do pensamento: Volume único/1ed. SP: Scipione, 2014.P. 120.

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