FILOSOFIA
E OPINIÃO
Qual
é sua opinião sobre política? O que você pensa sobre a liberdade? Para você, o
que é uma amizade verdadeira? Perguntas como essas costumam surgir
em rodas de conversa entre amigos. Para respondê-las, você reflete, cita
exemplos, faz comparações... Mas será que está utilizando o pensamento
filosófico? Veja o que diz sobre isso o filósofo
francês Gilles Deleuze: “É da opinião que vem a desgraça dos homens”. Isso
porque a opinião é um pensamento subjetivo, uma ideia vaga sobre a realidade,
que não tem fundamentação e na maioria das vezes nem pode ser explicada. É
comum, por exemplo, alguém dizer que é contra ou a favor de determinada situação
sem um motivo concreto, talvez por uma reflexão apressada, por superstição ou
crença absorvida sem ponderação. “É uma questão de opinião”, justifica a
pessoa. Fica claro, então, que ao emitir uma opinião você não está pensando
filosoficamente. É muito fácil manipular as opiniões das pessoas não
dispostas à reflexão. Os meios de comunicação fabricam ideias e desejos por
meio da propaganda e de sua grade de programação. Os ditos formadores de
opinião exercem grande influência sobre o modo de pensar da sociedade e podem
mudar as opiniões alheias. São as personalidades do esporte, da televisão, do
teatro, os líderes religiosos e também os professores. A indústria cultural –
expressão que designa a produção da cultura segundo os padrões e os interesses
do capitalismo, para consumo de massa – esforça-se por definir o que todos
querem ler, os filmes que preferem, as músicas da moda. As respostas já vêm
prontas, como nos livros de autoajuda. A filosofia, diferentemente, é uma prática
de elaboração própria de ideias. Ela também parte da opinião, mas a recusa como
verdade e vai além da opinião. Busca uma reflexão mais sólida e fundamentada,
por meio da qual o ser humano se realiza em sua capacidade racional. As ideias
elaboradas dessa forma podem ser defendidas com argumentos consistentes. Isso
não significa a posse de uma verdade única, pois a filosofia é sempre amor à
sabedoria, isto é, uma busca da verdade e nunca sua posse definitiva. Não
é difícil concluir que as pessoas que pensam por si mesmas, que não se acomodam
ás ideias prontas e não aceitam viver no “piloto automático”, têm melhores
condições de se tornar cidadãos mais atuantes, exercendo seus deveres e
exigindo seus direitos na sociedade. A
prática filosófica humaniza as pessoas, tornando-as mais livres para pensar de
forma crítica e criativa.
GALLO,
Silvio. Filosofia: experiência do pensamento: Volume único/1ed. SP: Scipione,
2014.Pp. 18-19
Atividade
1)
Em
uma conversa de amigos, você se posiciona de acordo com sua reflexão sobre o
assunto? Justifique sua resposta.
2)
Segundo
o filósofo francês Gilles Deleuze: “É da opinião que vem a desgraça dos
homens”.
Diante da citação acima
de Deleuze, apresente uma justificativa contrária ou favorável ao pensamento do
filósofo.
3)
Por
que é mais fácil manipular as opiniões das pessoas não dispostas à reflexão?
4)
Qual
a relação existente entre filosofia e opinião? De que forma acontece tal
relação?
5)
Você
exerce seus deveres e exige seus direitos na sociedade? Justifique sua
resposta.
6)
Hoje,
o Brasil, vem passando por problemas políticos e sociais, que nos levam a
refletir sobre a atual situação do país. No entanto, percebe-se hoje, que as
pessoas não estão pensando por si própria. Pois disseminam opiniões sem antes
as questioná-las.
Em que sentido a
prática filosófica pode humanizar as pessoas e torná-las livres para pensar de
forma crítica e criativa?
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